O retorno das aulas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) nesta segunda-feira (3) após cerca de quatro meses de paralisação não foi como o esperado pelos estudantes. Com o novo normal provocado pela pandemia do coronavírus (Covid-19), o ensino passou a ser virtual para evitar a propagação da doença, mas problemas técnicos marcaram o primeiro dia de atividades.
O Moodle, sistema já usado pela UFMG como meio de interlocução on-line entre alunos e professores, seria o local onde as instruções para as aulas ao vivo seriam informadas. Ana Carolina Rocha, 25, aluna do sétimo período de Letras, conta que notou uma sobrecarga de acessos à plataforma. "Na Letras já utilizávamos o Moodle há um tempo, os professores postavam atividades e nunca tivemos problema, mas outros cursos não usavam tanto. Hoje o que aconteceu foi que praticamente todos os alunos acessaram e o sistema acabou ficando muito lento", relatou.
Conforme a estudante, o Moodle será utilizado para que os professores insiram atividades e eventuais links para aulas externas, já que as aulas ao vivo poderão ser feitas em qualquer plataforma à escolha do docente. Ana ainda afirmou que no caso de sua turma, os atrasos ocorreram pela demora no acesso ao Moodle, mas que acredita que o problema pode ser resolvido pela interlocução direta entre professores e alunos.
A UFMG, por sua vez, esclareceu que o alto número de acessos simultâneos causou a instabilidade e que a equipe de Tecnologia da Informação da universidade já trabalha na solução do problema. Ainda não há prazo para a resolução.
Aulas remotas
Embora no início da pandemia a UFMG tenha rechaçado a possibilidade de adotar a modalidade remota, a medida foi confirmada no final de junho e os detalhes foram anunciados no fim de julho, após o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) aprovar uma resolução regulamentando o ensino remoto emergencial para os cursos durante o período de pandemia.
De acordo com a instituição, foram meses de discussões com a comunidade acadêmica, de produção de conhecimento, de investimento em tecnologias de informação e comunicação e de formação de docentes e estudantes.
A previsão é de que o primeiro período letivo dure até 7 de novembro, quando haverá um recesso de três semanas até o início do segundo período letivo, no dia 30 de novembro. Este, por sua vez, se encerra em 31 de março de 2021. O calendário prevê, ainda, recesso de Natal e Ano Novo entre os dias 20 de dezembro a 3 de janeiro.
Para assegurar que os estudantes tenham condições de acompanhar as atividades remotas, a UFMG lançou uma política de inclusão digital com chamadas para auxiliar o acesso à internet, compra e empréstimo de computadores para estudantes com dificuldades socioeconômicas e aquisição de equipamentos para estudantes com deficiência.
Uma campanha de apadrinhamento digital também está em andamento para fornecer auxílio (em dinheiro ou em forma de equipamentos) para estudantes assistidos pela universidade.
Memes
Nas redes sociais são inúmeros os relatos de que ele está fora do ar, tornando a #UFMG um dos assuntos mais comentados no Twitter no país. O tema se tornou uma verdadeira fábrica de memes.
Vendo o sofrimento da galera da UFMG com o início do ensino remoto, e só pensando como que a UFPA vai fazer esse negócio dar certo. pic.twitter.com/woSbsC9RL5
— Manda Lattes (@athaina_lima) August 3, 2020
“Primeiro dia de aula o moodle já tá fora do ar vai dar super certo as aulas remotas UFMG pode ter certeza”, dizia uma usuária.
“UFMG, como a senhora quer ensino remoto se o Moodle nem funciona de tão sobrecarregado?”, dizia outra.
Quando vejo que a UFMG está nos assuntos mais comentados do twitter porque no primeiro dia de aula online o moodle ficou fora do ar. pic.twitter.com/nXRKbtrBD8
— Luiza Cortezzi (@cortezzilu) August 3, 2020
Esperando o moodle da ufmg voltar pra eu poder estudar pic.twitter.com/TvB0yb4LIp
— ceci (@_Undec1ded) August 3, 2020
Além das reclamações e dos memes, muitos usuários citaram barulhos de obras atrapalhando a tentativa de estudo e o fato de que a universidade ainda não forneceu o equipamento a alunos sem computador disponível. O jeito foi improvisar com o celular.